Não se espera que
os nativos se preocupem com a ecologia quando estão vivendo na
pobreza
Traduzido do "Wall Street Journal
| Opinion"
Por Leandro Narloch
26 de agosto de 2019
às 18:45 ET
Incêndio em Porto Velho, Brasil, 24 de agosto. FOTO: JOEDSON ALVES / ZUMA PRESS |
Os incêndios na
Amazônia provocaram protestos em todo o mundo na semana passada. Mas
se você quiser salvar a floresta tropical, seja realista. Vinte e
três milhões de pessoas vivem na Amazônia brasileira, 45% abaixo
da linha da pobreza. A área inclui cinco dos seis estados mais
pobres de um país pobre, de acordo com a agência nacional de
estatística. Pessoas famintas não se importam com a floresta. Eles
a consideram um inferno verde e veem os guardas florestais como
inimigos.
Os ambientalistas e
intelectuais brasileiros há muito tempo insistem que os locais devem
sobreviver extraindo nozes e outros produtos florestais. No entanto,
a maioria das pessoas, incluindo grupos indígenas, quer dinheiro
real. Eles querem SUVs e smartphones, medicamentos e eletricidade.
Aqui está o que você pode fazer se realmente quiser ajudar:
- Apoiar a legalização da mineração sustentável. “Queremos minerar nossa própria terra”, diz Marcelo Cinta-Larga, líder da tribo Cinta Larga. A Bacia Amazônica possui algumas das maiores reservas de ouro e diamantes do mundo, mas as leis brasileiras proíbem a mineração em terras indígenas - uma proibição que serve para enriquecer os criminosos. Existem cerca de 3.000 operações ilegais de mineração, que costumam pagar aos líderes nativos para fechar os olhos. Elas não se importam com poluição ou desmatamento.
- Favorecer novas usinas hidrelétricas. O estado do Amazonas recebe 87% de sua eletricidade de 255 estações térmicas. Elas consomem 685 milhões de litros de diesel por ano, que são enviados principalmente por via marítima do estado de São Paulo - quase tão longe da Amazônia quanto Nova York de Londres. É difícil imaginar uma fonte de energia que consuma mais carbono. Existem muitos projetos para construir usinas hidrelétricas com turbinas horizontais, que não exigem mais grandes barragens. Os ambientalistas geralmente se opõem a eles.
- Incentivar o bom manejo florestal. Existem modelos sustentáveis para extrair madeira e substituir árvores, mas novos regulamentos brasileiros levam à extração ilegal de madeira. As tensões entre autoridades e mineradores e madeireiros ilegais aumentaram. Pequenas milícias queimam carros oficiais.
- Apoiar agricultura e pecuária intensivas. Desde 1980, a produção brasileira de milho aumentou 480%, enquanto as áreas de cultivo dedicadas ao milho aumentaram apenas 40% devido ao uso inovador de pesticidas e fertilizantes. A produção de arroz aumentou 43%, mas a área cultivada diminuiu 70%. Somente o ganho de produtividade do milho impediu o cultivo de uma área quase do tamanho da Califórnia. O gado ao ar livre é de longe a principal causa do desmatamento.
Se você realmente
deseja salvar a floresta amazônica, esqueça as preocupações
ambientais e se preocupe com a prosperidade local. Desenvolvimento é
necessário para a conservação. Os amazonenses não são santos ou
personagens de “Avatar”. Eles são pessoas reais. A maioria se
preocupa com a floresta tropical somente depois de sair da pobreza.
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Narloch é
jornalista de São Paulo e autor do “Guia Politicamente Incorreto
da História do Brasil” <https://amzn.to/2NzFOp3>.
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