Dança do Jongo no Campo de Santana — Lá vem história


"Negro fandango scene, Campo St. Anna, Rio de Janeiro" (1822)
Earle, Augustus, 1793-1838

https://nla.gov.au/nla.obj-134509040/view e https://catalogue.nla.gov.au/Record/798007

Linda demais. Encontrei essa belezura graças a um post http://bit.ly/2IbXaVn de Francesco Trotta, no grupo "Memória Carioca Original - Rio de Janeiro em fotos e vídeos antigos" no Facebook.

Desconfiado, fui checar se a silhueta montanhosa ao fundo na pintura bate com a que é vista do Campo de Santana. E bate sim: http://bit.ly/3aabY2E. Usei esta foto, que é mais nítida: http://bit.ly/37Y67Mg. Na pintura, a direção do enquadramento é aproximadamente mirando o sudoeste, ou melhor, 211,5º anti-horários contados a partir do 0º (Norte). Obrigadíssimo pela bela imagem, Francesco! Eu não a conhecia e adorei.

* * *

Aproveitando, como nunca tinha ouvido falar neste artista, dei uma googlada e tive a sorte de encontrar esse delicioso trabalho de GUILHERME GORETTI GONZAGA: "AUGUSTUS EARLE (1793 - 1838): PINTOR VIAJANTE - Uma aventura solitária pelos mares do sul" (Brasília-DF, 2012), que pode ser acessado pelo link https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/12162/1/2012_GuilhermeGorettiGonzaga.pdf

Dê só uma olhada na página 26 do PDF. O coitado do Earle desceu na ilha Tristão da Cunha com seu cão para pintar, enquanto o mau tempo amainava. Mas quando terminou e já estava retornando, viu seu navio, o HMS Duke of Gloucester, zarpando sem ele e seu companheiro canino. Resultado, ficou nove meses preso na ilha. Mais sobre isso na página 81. Que história!

Na página 32, vê-se que Earle morou um tempo em Botafogo, E sabe com quem? Com seu amigo, o naturalista Charles Darwin!

Na página 36, dá pra ver o quanto o artista viajou.

A partir do último parágrafo da página 69, o livro trata da fase artística carioca de Earle, com interessantes relatos.

E na página 97, aprecie a bela Fig. 78: Augustus Earle, Vista do topo do Corvovado, aquarela, 1824[?], 20,3 x 33,8cm, National Library of Australia. Ei-la:


Veja mais detalhes sobre a obra e a pintura em alta resolução no Trove, buscador oficial da National Library of Australia, em: https://nla.gov.au/nla.obj-134508248/view,














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Clássicos no Moog — em fita de rolo (raridade)




Anos atrás encontrei por US$ 15 numa lojinha obscura em San Francisco, EUA, uma fita de rolo de peças clássicas tocadas ao Moog. Virgem, nunca tocada. Comprei no ato, especialmente porque tem "España", na versão de Chabrier, que eu adoro desde moleque.

Dá pra você ouvir tudinho, pois a fita inteira está no YouTube:

https://youtu.be/sFy4KW9X3hE



Tracklisting: 

A1. Chabrier: España  0:00 
A2. Lecuona: Malaguena 6:22 
A3. Bizet: "Carmen": Prelude to Act 1; Habanera; Introduction to Act 1 9:44 
B.   Ravel: Bolero 15:17 

* * *

Full Title:
"Everything You Always Wanted to Hear on the Moog* (*But Were Afraid to Ask For)"

Release Date: 1972 
Genre: Space Age Pop 
Format: Reel, Vinyl LP, Album, Stereo 
Country: US 
Label: CBS 
Catalog Number: MR 30383 
Condition: Good. 

Produced by Andrew Kazdin and Thomas Z. Shepard 

Were you really afraid to ask? Somebody, at least, must have been, because such a recording has never been done before - a collection of orchestral showpieces performed entirely on the Moog Synthesizer, that awesome array of oscillators, filters, and amplifiers. We think that what you wanted to hear was an album of your favorite works - pieces whose inherent brilliance and rhythmic drive make them a "natural" for this kind of treatment. What could be more exciting than an album of Spanish music? (The consistency of our Spanish program, you will note, is marred only by the fact that Lecuona was not a French composer.) 

But to get back to those oscillators, filters, and amplifiers: There is an all-too-common misconception that the synthesizer has a mind of its own - that it's a computer, that you plug it in and it plays music. WRONG. Although electronic, the synthesizer is a real musical instrument - it has a piano-like keyboard and a musician must play it. (In this particular case, two musicians, who also divided the tasks of score analysis, manuscript copying, and selection of tone colors. It is almost impossible to remember who did what when, but Kazdin has a distinct recollection that he did all the electronic programming.) 

Let it be said before going any further that every sound on this record, literally hundreds of sonorities representing real or imagined instruments - and that includes the enthusiastic response of well-wishers at the end of Bolero - was made on the Moog Synthesizer. 

There is one more thing that ought to be said: The Moog used for the album (is there anybody still left who doesn't know that "Moog" rhymes with "rogue"?) is capable of producing only one or two notes simultaneously. This means that each of the melodic and harmonic threads contained in the original orchestral scores had to be played individually. Sometimes as many as twenty musical elements had to be overlayed on multi-track tape. 

Does this process sound complicated? Are our nerves a little bit frazzled? Did it take a long time? 

Don't ask. 

- Andrew Kazdin, Thomas Z. Shepard 

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Andrew Kazdin holds a Bachelor of Music Degree in Composition from the New England Conservatory of Music, and a Master of Science in Industrial Management (with a concentration in acoustics) from M.I.T. He is a Producer in the Masterworks Department of C.B.S. Records and has contributed to several C.B.S. albums as arranger and conductor. In addition, he is a composer with several published works. He is also a timpanist and plays professionally in the New York area. Thomas Z. Shepard is a Producer for C.B.S. Records, both Masterworks and Original Cast albums. After graduating from the Preparatory Division of the Juilliard School of Music, he earned his Bachelor of Arts from Oberlin College, majoring in Piano and Composition. This was followed by graduate work in Composition at the Yale School of Music. He has composed, arranged and conducted on several C.B.S. albums. He is active as a pianist, particularly in the field of chamber music. 

To provide an accurate list of all the C.B.S. Recording Engineers who worked with us on this project over its two-year gestation period would be practically identical to providing a roster of the department staff. We thank them all. However, it would be grossly unjust if special mention were not made, and special thanks not paid, to Stew Romain, Raymond Moore and Robert Waller, each of whom mixed an extra drop of blood with our own along the way. 

- A.K., T.Z.S. 

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Engineering: Stew Romain, Raymond Moore, Robert Waller 
Cover art: Tomi Ungerer
Cover design: John Berg
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Três raros filminhos mostrando Albert Schweitzer em ação


Sim, o organista e médico, ele mesmo. Alma gigante e Nobel da Paz em 1952.

Albert Schweitzer: practising Bach in Lambarene (original footage)
https://youtu.be/s2lRwGXkr3A

Albert Schweitzer: organ/orgel Günsbach (original footage - corrected version)
https://youtu.be/sKAfgYJen6E

Albert Schweitzer: Bach: Prelude in D, at the organ in Günsbach (fragment from original film)
https://youtu.be/pbU3preF97o

Mais sobre ele:

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Waldo de los Rios — SINFONIAS



Quase furei esse LP de tanto ouvir. Eu devia ter uns 12 anos. Ele serviu pra me apresentar vários clássicos que até hoje me encantam.

Aqui está a playlist completa:

https://www.youtube.com/watch?v=46Kp5j11jis&list=PLfTPGil9t9hxCVPi0pOx-EY0EWBWcxZLL

Detalhes no Discogs:

https://www.discogs.com/Waldo-De-Los-Rios-Sinfonias/release/11090001
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Capas de LPs de vinil com foto de Stonehenge




Sim, existem 77, de acordo com esta lista do Discogs:

https://www.discogs.com/lists/Stonehenge-Covers/316573

Se quiser buscar por outras listas no Discogs:

https://www.discogs.com/lists

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EGGSTATIC: Desenhos estroboscópicos num ovo


Que loucura! Nunca tinha visto nada igual. Fucei aqui a página do autor, o checo Jiří Zemánek <http://bit.ly/2tzqv55> no Facebook, fera total, um grande maker. Em 2018 era doutorando no grupo de pesquisas de algoritmos avançados para controle e comunicações da České vysoké učení technické v Praze (Universidade Técnica Tcheca em Praga), sob a orientação de Zdeněk Hurák.

Eis o vídeo:



Essa tecnologia dele, a do ovo estroboscópico, esteve exposta no museu de ciência Exploratorium, em San Francisco <http://bit.ly/2tNZHxn>. Tem um artigo em tcheco sobre esse tema em http://bit.ly/2NamZ9d, que com o tradutor do Google dá para entender razoavelmente bem. Eis a tradução: http://bit.ly/2HLdcoF.

Obrigado novamente ao Nando Rodrigues por mais um incrível achado.

Jiří Zemánek
No projeto de Zemánek, padrões são cuidadosamente criados e desenhados sobre a casca de ovos para criar a ilusão de uma animação quando os ovos são postos em rotação e o movimento é capturado por uma câmera ou o conjunto é iluminado por luz estroboscópica. Cada ovo gira num zootropo que mostra alterações dinâmicas do padrão desenhado, dependendo da velocidade de rotação.

Em tempo, a música de fundo do vídeo é "Let's Go Shopping", do The Wasteland Wailers, disco "Radio Songs, Vol. 2", da Deadland Digital — https://youtu.be/u57cT97gZIw. Agradeço ao Ry <https://www.reddit.com/user/fitzthetantrum> pela descoberta.

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O primeiro cinema niteroiense


À direita na foto vê-se o Parque Rio Branco, primeiro cinema niteroiense, inaugurado em 1907. Ficava na atual Avenida Visconde do Rio Branco, onde também havia a cervejaria do mesmo nome. Em 1908, o cinema passou a se chamar Polyterpsia, "o maior e mais ventilado da cidade", conforme informavam os anúncios veiculados na época.

Referências:

http://www.coseac.uff.br/cidades/niteroi_banner4.htm
https://www.culturaniteroi.com.br/blog/?id=1826&equ=niteroilivros

Imagem:

http://www.conradoleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=759638&ctd=201&tot=&tipo=49&artista=

PS: [Atualizando em 2020-02-21] — O cinema depois passou a chamar-se Cine Rio Branco. Sua localização exata era onde hoje fica o Barcas Shopping, ocupando o número 109 da Avenida Visconde do Rio Branco antes de 1913 e o número 233 após este ano. O Barcas Shopping <http://bit.ly/38YRQQZ>, consequentemente, situa-se no número 233 da via, o que é fato. A fonte é o excelente trabalho de Rafael de Luna Freire, Professor do curso de cinema e audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF): http://cinemasdeniteroi.blogspot.com/2014/06/mapa-historico-do-comercio-da-av_28.html

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A origem nada santa da rua São Clemente



Aqui está uma leitura curtinha mas muito interessante sobre a origem do nome dessa rua tão importante em Botafogo. Um filhinho de papai rico, que foi para Lisboa tornar-se padre, revelou-se um camarada bastante agitado. Leia pois gostará. E ainda saberá quem é a Dona Marta que dá nome ao morro ali perto:

https://www.curtabotafogo.com/post/2017/05/22/a-origem-nada-santa-da-rua-s%C3%A3o-clemente

E, se gostar, dê uma explorada geral no site, verdadeiro tesouro.
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O nome GARI vem deste Sr. ALEIXO GARY


Um dos pioneiros da limpeza pública na cidade do Rio de Janeiro foi o francês Aleixo Gary <https://www.rio.rj.gov.br/web/comlurb/exibeconteudo?id=2815129>, contratado em 11 de outubro de 1876 para esta finalidade.

Mas, antes disso, a empresa "Aleixo Gary e Companhia" já produzia desinfetantes e antipestilenciais preparados em sua fábrica de produtos químicos e farmacêuticos, localizada à Praia de Botafogo, nº 32.

Alguns de seus produtos:

  • Pós desinfetantes: para empregá-los bastava polvilhar levemente as matérias que se tinham de desinfetar. Vendido em pacotes de 6 libras (2,72kg) por 800 reais cada.
  • Líquido desinfetante: para desinfetar águas pútridas, vasos urinários etc., e para o dessecamento dos lugares insalubres etc. Vendia-se a garrafa com modo de usá-lo por 500 reais. 

Estes produtos eram vendidos tanto na fábrica, como na cidade, à Rua da Quitanda nº 25 e na Rua da Carioca, na casa do Ilmº Sr. Ezequiel Corrêa dos Santos, farmacêutico da Casa Imperial. Nesses locais, achavam-se também: água de labarraque, cloro líquido, clorureto de cal e misturas anticoléricas de Strognof etc.

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Fonte:
Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ)
Anno XII — 1855
Edição 298
Página 3
Domingo, 28 de outubro de 1855
http://memoria.bn.br/DocReader/217280/11066

#Comlurb

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Ao que se vê, o Sr. Aleixo diversificava bastante sua produção química. Prova disso é este anúncio do "Tricopherous Aperfeiçoado", tido como a melhor composição conhecida para aumentar e conservar os cabelos, matar a caspa e impedir que ela reaparecesse. O depósito geral era na Rua da Quitanda nº 25, defronte ao Beco do Carmo. Era vendido também [na fábrica] na Praia de Botafogo nº 32. Para evitar enganos, cada vidro trazia a assinatura de "A. Gary e C.". Cada vidro custava 640 reais.

NOTE BEM: Nos mesmos depósitos sempre havia o huile antique para os cabelos, água de Colônia, pós para clarear os dentes, elixir para a boca, legítima água de alfazema etc.

* * *

Fonte:
Jornal do Commércio (RJ)
Ano XXIX — 1854
Edição 333
Sábado, 2 de dezembro de 1854
Página 3
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/7850

* * *

Encontre agora você mesmo um outro anúncio dele, desta vez de produtos bucais contra o mau hálito. Nesta página de jornal: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/7987

E também limonada purgativa de citrato de magnésia: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/8171

Pulverização por meio de máquina a vapor, dentre vários outros produtos? É com ele. Sr. Aleixo: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/8283

Cloro dentário contra dores de dentes? http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/8773

Mais pós químicos desinfetantes? http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/8909

Bebidas higiências e água gasosa de Seltz (Aqua Seltzer)? http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/9042
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Fumegantes encontros em sala de chat fizeram nascer paixão incontrolável


Quem faz aniversário hoje sou eu e, como presente, quero apenas que a leitora acompanhe com toda calma o relato que se segue. Certa jovem universitária que prefere manter-se incógnita, a quem chamaremos de Jill, estava cursando a faculdade de Ciência de Computação numa universidade nos EUA. Para quem conhece a vida universitária americana, o dia a dia de um estudante consiste de um pouco de estudo e de *muita* festança e gandaia. O caso de Jill não era diferente, sempre correndo atrás de suas obrigações acadêmicas, mas com as antenas ligadonas na vida selvagem que curtia com sua turma de amigos e conhecidos.

Mas não se podia falar mal de Jill, que era uma verdadeira fera em computação. Não era sem esforço que conseguia brilhar em sua área de estudos. Quando não estava se divertindo, enfiava a cara prá valer nos trabalhos e ralava pesado projetando programas, escrevendo código e instalando software. Certa feita, poucos dias depois de ter rompido com um namorado muito querido, estava a nossa Jill em casa numa sexta à noite. Era a primeira vez em três anos que se via livre nesse dia sagrado da semana, pois normalmente estaria com o namorado. Era de se esperar que se sentisse no maior baixo-astral, tristinha e deprimida. Para encher o tempo e afastar o fantasma da saudade, decidiu fazer uma nova home page e pôs mãos à obra. Lá pelas tantas, depois de algumas horas de links e tabelas, cansou-se daquilo e pensou em dar uma entrada em alguma sala de chat para relaxar um pouco. Sendo uma menina fogosa e ainda curtindo aquela dor de cotovelo, optou por um chat de sexo e começou a brincar com quem estava online. Foi ali que tudo começou.

Jill conheceu um camarada no chat chamado Mike. Claro que não era o nome verdadeiro dele. Obviamente ela também não havia dado seu nome real: optou por se chamar "Nancy". Começaram os dois a brincar com aquele jogo excitante de duas pessoas que fantasiam tudo uma sobre a outra, entrando em minuciosos detalhes sobre o que fariam se estivessem juntos em algum lugar sossegado, à meia luz. É totalmente desnecessário contar para a querida leitora sobre o quão alto podem voar duas pessoas envolvidas em aventuras em chats desse tipo. É o que se chama ciber-sexo e, se os parceiros virtuais forem suficientemente hábeis no manejo do teclado e conseguirem se soltar razoavelmente na linguagem escrita, o resultado pode ser incrivelmente prazeroso.

A coisa pegou fogo, foi tudo bem e alguns minutos mais tarde estavam se despedindo, concordando em se encontrarem no dia seguinte. Chegou a noite de sábado e lá estavam eles, provocando-se novamente na sala de chat. Aproximaram-se ainda mais nessa segunda tentativa, aquilo estava ficando cada vez melhor. Os encontros virtuais foram se repetindo e acabaram papeando online a semana toda, sempre terminando a conversa com erupções vulcânicas, terremotos e tornados. Na outra segunda-feira, o colóquio se desviou para assuntos mais íntimos, desta vez aproximando-os como pessoas, fazendo com que compartilhassem questões particulares e sentimentos. Os dois sentiam suas almas cada vez mais próximas, suas vidas se entrelaçando e a relação se tornando mais intensa e complexa. Jill não queria revelar que era uma universitária em início de curso, pois temia que Mike a achasse demasiado imatura. Sentiu-se meio culpada, mas superou essa fase, passando a gostar cada vez mais do Mike, que parecia um cara fascinante, vivido e muito agradável. Os e-mails que trocavam eram longos, apaixonados e inflamáveis.

A troca de energias prolongou-se por meses, até que comemoraram um ano desde o primeiro chat. Já haviam contado seus pensamentos mais secretos e, mesmo assim, nunca trocaram fotos nem tiveram coragem de falar ao telefone -- ambos morriam de medo de destruir o mágico clima de mistério. Haviam feito tudo que era sexualmente possível através da Internet, mas não sem um profundo afeto. Era natural que passassem a ansiar por um encontro físico, no mundo real.

Num belo dia, os dois, sincronizados que estavam, decidiram que era hora de se conhecerem ao vivo e a cores. Estavam se amando e não se importavam com idade, aparência física, nem com coisa nenhuma. Queriam apenas um ao outro, loucamente. Mike disse a Jill que ela poderia até ser sua próxima esposa. Ela ficou meio assustada a princípio. E se ele fosse velho? E se fosse feio? Ora, que se dane. Ela o amava e isso bastava. Era o único cara com quem se sentia confortável. Planejaram então uma viagem para uma cidade do interior, onde passariam um fim-de-semana juntos. Ia ser o máximo! Imagine a leitora o friozinho na barriga que os dois sentiam só em pensar no encontro.

Jill não queria o trabalho de ter que reconhecer o Mike, portanto pediu a ele que agitasse um aposento num hotel e eles se encontrariam direto no quarto. Não tinha erro. Mike topou no ato.

No dia aprazado, a nervosa Jill chegou, apresentou-se como Nancy à recepcionista e foi se instalar no quarto que havia sido reservado pelo Mike, pedindo que a atendente ficasse com a chave, pois ele iria chegar em alguns minutos. Entrou no quarto, inspecionou as instalações e pôs-se a preparar um ambiente romântico e especial para a ocasião. Acendeu velas perfumadas, ligou um som gostoso, tirou a roupa e largou-se sexy naquela cama imensa para fazer agradar o seu amado. Ele ainda demorou um pouco, mas por fim apareceu. Meteu a chave na porta com cuidado e chamou sussurrando: "Nancy!" Jill, emocionada ao ouvir seu pseudônimo de chat, respondeu também sussurrando, quase sem ar: "Mike, estou aqui", sua voz rasgando a romântica penumbra e atingindo seu adorado como uma lança de paixão. Mike apalpou a parede junto à porta em busca do interruptor, acendeu a luz e viu Jill nua sobre a cama. A próxima coisa que se ouviu naquele hotel de beira de estrada foram dois gritos lancinantes, um grosso e outro esganiçado. Berros insanos e quase aterrorizantes. Jill cobriu-se imediatamente e com sua voz mais humilhada, disse ofegante e pasma: "Papaai!!"

* * *

O GLOBO - Informática Etc. - Carlos Alberto Teixeira
Artigo: 416 - Escrito em: 1999-08-13 - Publicado em: 1999-08-16

Meu velho e querido camarada Glauco Cruz era e continua sendo um gênio do traço. É o autor da ilustração acima. Minha coluna saía às segundas-feiras. Só que esta foi publicada no meu aniversário. Uma semana antes, o Cruz me chamou num canto na redação: "Cat, como sei que você gosta de ruivas, vou desenhar pra tua coluna, como presente de aniversário, uma ruiva totalmente pelada e entregar a arte final bem em cima do fechamento, pra diminuir a chance do desenho ser barrado". E foi dito e feito!


À esquerda, o Cruz. À direita, André Hippertt. Foto do início dos anos 1990 http://bit.ly/2SCJCrT
Entrevista com ele: https://papodehomem.com.br/glauco-cruz-e-as-mulheres-mais-bem-desenhadas-do-brasil
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Alô turma da Lagoa e do Leblon: hoje tem arqueologia


Leitura fascinante pra se deliciar. Aproveitem!
Um detalhado levantamento arqueológico e paisagístico do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas.
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As línguas mais faladas no mundo


Ótimo gráfico comparativo:

https://www.visualcapitalist.com/100-most-spoken-languages/

Obrigado ao amigo Marcelo Pinheiro.

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Conheça a cabeça do finlandês, um dos povos mais felizes do mundo


Leia essa deliciosa matéria, em português

https://brasil.elpais.com/brasil/2020/02/15/eps/1581787076_373420.html

Recomendação do amigo Eduardo Ramos.
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Coleção ilógica de correlações espúrias

Só acesse este site se você não tiver absolutamente mais nada pra fazer. 

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Sociedade Brasileira de Pediatria lança manual com orientações sobre uso de telas e internet


Documento estabelece limite de até três horas de exposição a smartphones e videogames para adolescentes de 11 a 18 anos

Constança Tatsch e Evelin Azevedo

https://oglobo.globo.com/sociedade/sociedade-brasileira-de-pediatria-lanca-manual-com-orientacoes-sobre-uso-de-telas-internet-24243140

12/02/2020 - 00:01 / Atualizado em 13/02/2020 - 09:41

RIO — A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou na terça-feira um manual de orientação aos pais sobre os riscos  da exposição às telas, internet e redes sociais à saúde de crianças e adolescentes.

O documento destaca a influência familiar no uso desregrado das telas. A atenção da família dada à criança ou adolescente pode ser considerado um fator de risco ou de proteção para o desenvolvimento de problemas ligados à era digital.

O guia mostra que a causa de alguns problemas sociais geralmente está associada à negligência ou deficiência na relação dos filhos com os pais e a família. Um dos exemplos, é o uso das redes sociais pelos adolescentes como válvula de escape.

O manual estabelece novas indicações práticas para o uso de telas, como o limite máximo de 2 horas por dia de exposição para crianças entre 6 e 10 anos.

Orienta também que adolescentes com idades entre 11 e 18 anos fiquem, no máximo, 3 horas diante de telas, inclusive de videogames. Os pais nunca devem deixá-los “virar a noite” jogando.

“Crianças em idades cada vez mais precoces têm tido acesso aos equipamentos de telefones celulares e smartphones, notebooks, além dos computadores que são usados pela família, em casa, nas creches, em escolas ou até em restaurantes, ônibus, carros, sempre com o objetivo de fazer com que a ‘criança fique quietinha”’,  diz texto do estudo. “Isto é denominado de distração passiva, o que é muito diferente do brincar ativamente, um direito universal e temporal de todas as crianças e adolescentes”.

A pediatra Susana Estefenon, do Grupo de Trabalho de Saúde na Era Digital da SBP, afirma que a limitação vale para todos os tipos de telas. 

— Não é a mesma relação que tínhamos com a TV há duas gerações. A tecnologia hoje é muito íntima, fazendo com que a nossa saúde e tempo sejam afetados diretamente, sobretudo nas crianças e adolescentes.

A SBP desaconselha o uso de telas por bebês: “O olhar e a presença da mãe/ pai/família é vital e instintivo como fonte natural dos estímulos e cuidados do apego e que não podem ser substituídos por telas e tecnologias”.

De acordo com a SBP, o atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebês que ficam passivamente expostos às telas, por períodos prolongados e problemas de sono são cada vez mais frequentes e associados aos transtornos mentais precoces em crianças e adolescentes.

Segundo a pediatra, é mito pensar que oferecer tecnologia às crianças, inclusive bebês, vai aumentar seu QI, conhecimento sobre tecnologia ou habilidades cerebrais. “Ao contrário, o estímulo precoce cerebral não é integral.”

— Pesquisas científicas mostram que se a gente proporciona tecnologia de acordo com a idade, maturidade, de forma equilibrada e monitorada, aí sim será um uso saudável que terá repercussão cerebral, evitando riscos à saúde.

Em relação aos jogos de videogames, a SBP diz que o que era uma distração passa a ser uma solução rápida para desaparecerem sentimentos perturbadores e emoções difíceis com as quais as crianças e adolescentes ainda não aprenderam a lidar:

“A dependência dos jogos, inclusive de teor violento, mas que trazem desafios e recompensas, impede que enfrentem os problemas que contribuíram com este estresse tóxico e a liberação do cortisol, criando um ciclo vicioso de ansiedade e depressão. O tecnoestresse se torna ainda mais problemático, por perda da empatia, crescente irritabilidade e agressividade, causando alterações do comportamento, do relacionamento familiar e social, de transtornos de aprendizado e escolar, além de diversas outras doenças”, destaca o documento.

— A intoxicação digital é quando essa criança ou adolescente deixa de fazer atividades até então importantes para elas, que eram fontes de prazer, e passam a substituí-las pelo uso de tecnologias. Afetando seus relacionamentos, alimentação, sono — explica Susana Estefenon.

A SBP alerta também  que devido à faixa de onda de luz azul presente na maioria, o brilho das telas contribui para o bloqueio da melatonina e para a prevalência cada vez maior das dificuldades de dormir e manter uma boa qualidade de sono.

Existe também o aumento do estresse pelo uso indiscriminado de fones de ouvido (headphones) em volumes acima do tolerável, podendo causar trauma acústico e perda auditiva irreversível,  induzida pelo ruído.

“As mídias preenchem vários vácuos, temporal ou existencial, desde não ter o que fazer, distrair, falta de apego, abandono afetivo ou mesmo pais ocupados, estressados ou cansados demais para dar atenção aos seus filhos, ou por que eles nem mesmo desgrudam de seus próprios celulares”.

De acordo com a pediatra, nenhuma criança antes dos 10 anos deve ter uma rede social e, depois dessa idade, ainda é preciso  monitorar de perto.

— É como deixar uma criança de oito anos andar na rua sem acompanhamento. Ela não está preparada para avaliar os riscos — afirma a médica.

Segundo ela, é  preciso preparar a criança para usar as redes, dar expertise para aprender a usar, falar dos riscos de cyberbullying, auto-imagem, diferença entre o que vê e a realidade e os riscos ligados à sexualidade.

Embora pais recorram à tecnologia em encontros de adultos, dias de chuva, de doença ou quando estão ocupados, ainda assim é preciso ter regras. 

— O problema é que pelo ritmo da tecnologia hoje há poucos momentos de compartilhamento real das famílias, emoções, afetos, olhares, diálogos. A gente desaconselha porque a criança vai ter riscos à saúde. Há uma série de  perigos, por isso a gente deve colocar regras de uso, sobretudo para nossas crianças — diz a pediatra.

Principais problemas de saúde

  1. Dependência Digital e Uso Problemático das Mídias Interativas
  2. Problemas de saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão
  3. Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade
  4. Transtornos do sono
  5. Transtornos de alimentação: sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia
  6. Sedentarismo e falta da prática de exercícios
  7. Bullying e cyberbullying
  8. Transtornos da imagem corporal e da auto-estima
  9. Riscos da sexualidade, nudez, sexting, sextorsão, abuso sexual, estupro virtual
  10. Comportamentos auto-lesivos, indução e riscos de suicídio
  11. Aumento da violência, abusos e fatalidades
  12. Problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador
  13. Problemas auditivos e PAIR (Perda Auditiva Induzida pelo Ruído)
  14. Transtornos posturais e músculo-esqueléticos
  15. Uso de nicotina, vaping, bebidas alcoólicas, maconha, anabolizantes e outras drogas

Orientações para os pais:

  1. Evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas, sem necessidade (nem passivamente!); 
  2. Crianças com idades entre 2 e 5 anos: limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora/dia, sempre com supervisão;  
  3. Crianças com idades entre 6 e 10 anos: limitar o tempo de telas ao máximo de 2 horas/dia, sempre com supervisão;  
  4. Adolescentes com idades entre 11 e 18 anos, limitar o tempo de telas e jogos de videogames a 2-3 horas/dia, e nunca deixar “virar a noite” jogando;  
  5. Não permitir que as crianças e adolescentes fiquem isolados nos quartos com televisão, computador, tablet, celular, smartphones ou com uso de webcam; estimular o uso nos locais comuns da casa;  
  6. Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma hora antes de dormir;  
  7. Oferecer alternativas com atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão;  
  8. Nunca postar fotos de crianças e adolescentes em redes sociais públicas, por quaisquer motivos;  
  9. Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;  
  10. Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados. Saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam), é responsabilidade legal dos pais/cuidadores;  
  11. Estimular a mediação parental das famílias e a alfabetização digital nas escolas com regras éticas de convivência e respeito em todas as idades e situações culturais, para o uso seguro e saudável das tecnologias;  
  12. Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos, devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis;  
  13. Identificar, avaliar e diagnosticar o uso inadequado precoce, excessivo, prolongado, problemático ou tóxico de crianças e adolescentes para tratamento e intervenções imediatas e prevenção da epidemia de transtornos físicos, mentais e comportamentais associados ao uso problemático e à dependência digital.

Pesquisa 

O documento da SBP cita a pesquisa Tic Kids Online – Brasil de 2018, feita com 2.964 famílias de crianças e adolescentes brasileiros com idades entre 9 e 17 anos. O estudo indica que 86% deles estão conectados — com a variação entre 94% e 95% nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e 75% nas regiões Norte e Nordeste. 

Este uso ocorre pelo telefone celular em 93% das vezes, com compartilhamento de mensagens instantâneas (80% sexo feminino e 75% sexo masculino), uso de redes sociais (70% sexo feminino e 64% sexo masculino), fotos e vídeos (53% sexo feminino 44% sexo masculino), jogos online (39% sexo feminino e 71% sexo masculino) e off-line (56% sexo feminino e 65% sexo masculino), além de assistir a vídeos, filmes e programas ou séries na Internet (83%). Da amostra, 82% tem perfil em redes sociais. 

Foram relatados conteúdos sensíveis sobre alimentação ou sono por 20%, formas de machucar a si mesmo por 16%, formas de cometer suicídio por 14% e experiências com o uso de drogas por 11%. Cerca de 26% foram tratados de forma ofensiva (discriminação ou cyberbullying) e 16% disseram ter tido acesso às imagens ou vídeos de conteúdo sexual. 

Dentre as famílias participantes, 24% dizem ficar muito tempo na Internet e 25% afirmam não ter conseguido controlar o tempo de uso, mesmo tentando passar menos tempo na Internet. 

“Estes dados demonstram não só a relevância dos riscos à saúde, de maneira geral, mas também riscos para transtornos de saúde mental e problemas comportamentais, segundo os atuais critérios  sobre dependência digital”, diz o estudo.
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Mães e pais: Cuidado com mais uma brincadeira mortal que está virando moda


Algum débil-mental mexicano reavivou uma pegadinha nefasta americana, canadense ou sei lá de onde, que consiste no seguinte. Põe-se a vítima entre dois celerados, ombro a ombro. Os dois da ponta, ao mesmo tempo, pulam para o alto esticados e de pernas juntas. E depois pedem para a vítima que está no meio pular sozinha imitando os dois. Quando a criatura pula, logo antes de tocar o solo novamente, os miseráveis dão uma rasteira por trás e a vítima cai de costas, possivelmente batendo com a cabeça no chão.

Veja exemplos:




É uma sacanagem sem tamanho.

A brincadeira de mau gosto chegou ao Brasil, e uma jovem de 16 anos morreu por causa dessa cretinice em Mossoró (RN), em novembro de 2019:

https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2020/02/11/na-volta-as-aulas-especialistas-alertam-para-riscos-de-brincadeiras-filmadas-dentro-de-escolas.ghtml

https://mossorohoje.com.br/noticias/29625-estudante-mossoroense-morre-apos-bater-a-cabeca-durante-brincadeira

Esse vídeos malignos também já viralizaram em países como México, Colombia, Chile, Argentina e Guatemala, entre outros.

Avise suas crianças para não caírem nessa armadilha, nem nas variações, que aparecem neste resumo da cobertura na mídia latinoamericana: http://bit.ly/2ShTFlS

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Vivendo e Aprendendo -- um exame difícil (sim, EXAME DE FEZES)


Em 1998 passei por momentos assaz desagradáveis coletando material para exame, num laboratório no Leblon. Tanto foi que depois resolvi escrever um texto descrevendo a vexatória situação. Publiquei o texto na Goldenlist e, algum tempo depois, recebi um telefonema do Kaíke Nanne, da Playboy. Ele leu o texto e me chamou para escrever para a revista, que foi um serviço muito divertido de fazer.

Segue o texto.

* * *

O doutor pediu um monte de exames para o checkup anual e lá estava eu hoje cedo no laboratório, depois de uma noite agitada fora de casa, mas tendo respeitado rigorosamente o jejum alimentar de 12 horas para a coleta de sangue. Estava meio preocupado, pois a bateria de exames incluía urina e fezes e eu ainda não havia coletado nenhum dos dois. Contava com os frasquinhos de coleta que conseguiria no laboratório, e com a providência divina para que me inspirasse a produzir material para ambos os exames, na quantidade certa e na consistência adequada.

Depois que fui furado e sangrado, o homenzinho fez questão de me perguntar novamente se faria as coletas restantes ali mesmo no laboratório, ao que respondi que sim. Sumiu por uns minutos e me passou dois recipientes plásticos. Um deles era transparente e o outro não, sendo que o segundo tinha uma pequena pá de plástico acoplada à tampa rosqueada, o que indicava claramente sua função.

Meti-me no banheiro equipado apenas dos frasquinhos e de certa dose de coragem. Sabendo que iria passar por um processo delicado, despi-me por completo com exceção das meias, pois o chão estava frio. A concentração absoluta era essencial e não podia me preocupar com a desagradável possibilidade de manchar as roupas em função de alguma manipulação errônea de minha parte.

A primeira etapa era a mais simples. Mijar no pequeno pote exigia apenas certo controle na intensidade e duração do jato. Até três quartos do vasilhame a coisa podia fluir solta, mas aproximando-se o nível da borda, fazia-se necessário certo comedimento de modo a despejar pequenos jatos parcimoniosos para completar o conteúdo. Nenhuma gotícula pingou fora. Um serviço limpo e profissional. No entanto, o verdadeiro desafio estava por vir.

Desenrosquei o segundo pote e me senti oprimido pela pazinha violeta que apontava em minha direção. Olhei pelo banheiro em busca de algum recipiente maior que pudesse servir de anteparo preliminar, sobre o qual eu trabalharia com a pá, despedaçando a massa fétida que eu em poucos minutos produziria. Mas não havia nada que eu pudesse usar para esse fim. A outra opção seria contar com uma precisão de artilharia que infelizmente eu não tenho, ou seja, posicionar o potinho rigorosamente sob a linha de tiro e rezar para que caísse uma porção exata no lugar correto. Abandonei essa opção de imediato.

A saída que me sobrava era uma só. Teria que cagar na mão, com a destreza de um mestre Shaolin e com a delicadeza de uma bailarina do Kirov. Tomei alento, sentei-me concentrado e enfiei a mão vaso adentro, alinhando a palma meticulosamente abaixo da boca do canhão. Contraí os músculos de costume, dando início ao cortejo sólido em minhas entranhas. Quando já me preparava para receber os primeiros pedaços de sujeira, o corpo mudou sua reação de forma já conhecida e o que era para ser sólido provou que não o seria, e -- graças ao santo! -- também líquido não era. Com a mão bem próxima ao ponto de saída, fiz uma das mais surpreendentes descobertas de minha vida: o peido é quente, adoravelmente quente. Não foram dois nem três, foram diversos naquela manhã úmida no Leblon. Minha reação aos primeiros bafejos mornos, foi a de retrair levemente o braço, como se me assustasse. Porém, após me ambientar aos ternos sopros que de mim brotavam, acostumei-me à nova realidade e mantive a postura, impassível.

Passada a fase gasosa, percebi que o momento do clímax se aproximava. Instantes de silêncio que pareciam uma eternidade. E eis que, impulsionado pela inexorável lei de Newton, deitou-me à mão o mais mimoso pedaço de bosta que já vi. Outros pequenos se seguiram, judiciosamente picotados por mim, à porta de saída, com uma habilidade que nem eu sabia possuir. Quando julguei que já era o suficiente, dei ordens para que se interrompesse o processo todo, postergando o término da entrega abortada. Levantei-me solene da tábua e trouxe a mão carregada à minha frente. Estava orgulhoso de mim mesmo.

Com a outra mão peguei decidido o frasco e, num golpe de extrema audácia e desprendimento, fui alojando com os dedos trêmulos um a um os nacos, que lembravam pequenas almôndegas fedorentas, no interior do vasilhame. Nesse mister, reservei alguns dedos incólumes para a tarefa de fechar o pote, o que fiz também sem erro. Só faltava uma aplicação bem feita de papel higiênico, uma demorada lavada nas mãos, e eu estaria pronto para sair daquela câmara de tortura, que acabou se tornando um templo de grandes e fecundas descobertas internas.

- c.a.t.

[1998-05-07, no então Sérgio Franco, Leblon http://bit.ly/2UL6Cqe]

* * *

Lembrei também que, depois de ler, o amigo Nelson Vasconcelos me pregou um susto da porra. Ele diagramou o texto na forma da minha coluna no Globo. Deu um print e mandou a Luiza, secretária, me entregar, dizendo que seria publicado na segunda-feira seguinte na versão impressa do Caderno Informática Etc. Quase surtei.

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How to live well



---------- Forwarded message ---------
Date: seg., 4 de jun. de 2012 às 11:32
Subject: Re: How to Live Well

 

How to Live Well

via zenhabits by Leo on 5/7/12

‘Begin at once to live, and count each separate day as a separate life.’ ~Seneca
Post written by Leo Babauta.
I’m not a rich man, nor do I fly around the world and drink champagne with famous people in exotic locales, nor do I own a sports car or SUV or a yacht.

And yet, I’m very happy.

Much happier than seven years ago when I ate fried foods and sweets all time time and felt unhealthy and overweight, when I watched television and was out of shape, when I shopped a lot and was in debt, when I worked a job that paid fairly well and had no time for myself or my loved ones.

How have I accomplished this? With small tricks. The truth is, you don’t need a lot to live well — you just need the right mindset.

Here’s what I’ve learned about living well on little:
  1. You need very little to be happy. Some simple plant food, modest shelter, a couple changes of clothes, a good book, a notebook, some meaningful work, and some loved ones.
  2. Want little, and you are not poor. You can have a lot of money and possessions, but if you always want more, you are poorer than the guy who has little and wants nothing.
  3. Focus on the present. Stop worrying about the future and holding onto the past. How much of your day is spent thinking about things other than where you are and what you’re doing, physically, at this moment? How often are we living as opposed to stuck thinking about other things? Live now and you live fully.
  4. Be happy with what you have and where you are. Too often we want to be somewhere else, doing something else, with other people than whoever we’re with right now, getting things other than what we already have. But where we are is great! Who we’re with (including just ourselves) is already perfect. What we have is enough. What we’re doing already is amazing.
  5. Be grateful for the small pleasures in life. Berries, a square of dark chocolate, tea — simple pleasures that are so much better than rich desserts, sugary drinks, fried foods if you learn to enjoy them fully. A good book borrowed from the library, a walk with a loved one in the park, the fine exertion of a short hard workout, the crazy things your child says, the smile of a stranger, walking barefoot on grass, a moment of quiet as the morning wakens and the world still rests. These little pleasures are living well, without needing much.
  6. Be driven by joy and not fear. People are driven by the fear of missing out, or the fear of change, or the fear of losing something. These are not good reasons to do things. Instead, do things because they give you or others joy. Let your work be driven not because you need to support a lifestyle and are afraid of changing it, but by the joy of doing something creative, meaningful, valuable.
  7. Practice compassion. Compassion for others creates loving, rewarding relationships. Compassion for yourself means forgiving yourself for past mistakes, treating yourself well (including eating well and exercising), loving yourself as you are.
  8. Forget about productivity and numbers. They matter not at all. If you are driven to do things to reach certain numbers (goals), you have probably lost sight of what’s important. If you are striving to be productive, you are filling your days with things just to be productive, which is a waste of a day. This day is a gift, and shouldn’t be crammed with every possible thing — spend time enjoying it and what you’re doing.
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O inglês que subiu a montanha e desceu a colina



Lembrei de um interessante filme no Netflix, que assisti 8 anos atrás. Leve, divertido e inusitado: "The Englishman Who Went Up a Hill But Came Down a Mountain".

Tem no Amazon Prime Vídeo: http://bit.ly/37pVqBM

Já esteve no Netflix, mas não mais: https://www.netflix.com/title/477450

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Englishman_Who_Went_Up_a_Hill_But_Came_Down_a_Mountain

http://www.imdb.com/title/tt0112966/

A história sobre a medição: http://www.surveyhistory.org/englishman_who_went_up_a_hill.htm

Foi filmado aqui: http://maps.google.com/maps/place?ftid=0x4865527e597eafb7:0x262b936c144d268c&q=Llanrhaeadr-ym-Mochnant&hl=pt-BR&ved=0CBIQ3g0&sa=X&ei=c6qgT-WpLaDWyQX-yN1n

Em tempo, a história do filme é fictícia.

Mas, quanto ao filme, recomendo.
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Lugares da mão pouco lavados



Nessa encrenca do novo coronavírus, vale atentar pras partes da mão que a gente esquece de lavar.
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Maré alta na orla de Mumbai, Índia


Hora de correr!

[Imgur]

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Um mestre na montaria acrobática


Apresento-lhes meu aluno uruguaio Honório Sustincau que, pelo seu desempenho impecável, contratei como professor no meu curso de Mortal-estrelo-salto Plano-Lateral Lombo-Equestre Não-Selado com Parada Sub-Escrotal. Retratada no vídeo, sua curta porém notável exibição na Estancia Santa Margarita, no km 218, Ruta 3, Departamento de Río Negro, Uruguai, foi um verdadeiro marco histórico para a modalidade.

Veja o vídeo:



= = =

Obrigado Sr. Stern



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Atenção: adaptador baratinho de fone P2 x Lightning para iPhone — R$ 36,55

O Ponto Frio tá com um preço megabaixo pra esse produto: R$ 36,55. Não sei quanto tempo durará a oferta.

https://www.pontofrio.com.br/acessorioseinovacoes/AcessoriosparaCelulares/caboparacelular/cabo-adaptador-fone-e-carregador-iphone-p2-x-lightning-kaidi-1500345441.html

Do site:
Você não precisa escolher carregar seu iphone ou escutar sua música favorita. Com o Adaptador 2 em 1 da Kaidi poderá fazer os 2 simultaneamente.   Um adaptador com um design fino e elegante, sem chamar a atenção quando estiver na rua, metro ou trabalho.   Para ultizar, basta conectar a ponta do cabo(Lightning) na entrada do seu iPhone, depois o cabo do carregador e fone(p2) diretamente no adaptador.   Lembrando que assim você não precisará gastar um dinheirão com aquele fone original ou similar da Apple com cabo Lightning em vez de P2.   Compatível com Modelo: - Iphone 6 / 6 plus - Iphone 6s / 6s plus - Iphone 7 / 7 plus - Iphone 8 / 8 plus - Iphone X - Iphone XS - Iphone XR - Iphone XS MAX     ESPECIFICAÇÕES - Marca: Kaidi - Modelo: KD-175 - Conexão: Lightning x P2 + Lightning - Tamanho: 14,5cm - Comprimento do cabo: 10cm   CONTEÚDO DA EMBALAGEM 1x Adaptador para Iphone entrada Auxiliar e Lightning   GARANTIA: 90 DIAS
Eu tenho um. É ótimo. Mas tem um probleminha, que só descobri depois. Só funciona como fone de ouvido, não como microfone. Ou seja, para ouvir música tudo bem. Mas para fazer ligações com o celular não serve.
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Como descobrir quantas fotos você tem no Google Fotos


Para usar esta dica, voce precisa estar usando um telefone Android.

  1. Vá ao Google Fotos e faça login na sua conta.
  2. Vá ao Gmail e faça login também na sua conta.
  3. Toque no + para criar uma nova mensagem.
  4. Toque no ícone de inserir arquivo, o que tem a forma de um clipe de papel.
  5. Selecione Adicionar arquivo.
  6. Toque no menu principal, o ícone com três linhas horizontais paralelas.
  7. Role até o final e toque no ícone do Google Fotos.
  8. No topo da tela que surge aparece quantos itens você tem armazenados no Google Fotos.
  9. Pronto. 

Fonte: https://support.google.com/photos/thread/27199220?hl=en&msgid=27236325#

Autor: janvb <https://support.google.com/photos/profile/17136?hl=en>
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Cantoras e cantores de ópera em dublagens improváveis

Aqui temos cantoras líricas dubladas com sons de modems se conectando:


E aqui temos cantores de ópera dublados com sons de buzinas de navios:


Fonte: Olaf Falafel [ http://bit.ly/2OI8Cf5http://bit.ly/2OuC7AJ ]
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Screensaver para Mac exibe vistas aéreas



Recebi do amigo Eduardo Ramos a dica de instalar no Mac os screensavers da Apple TV, de autoria de John Coates.

"São lindos! Claro que usam recursos do computador, pois são em alta definição, mas se isso não for uma preocupação sua, são lindos demais", disse o Edu.

O zip está aqui:

https://github.com/JohnCoates/Aerial/releases/tag/v1.6.4

Baixe o arquivo Aerial.saver.zip, descompacte-o e pronto.

E, se estiver usando um Mac Intel rodando Catalina, pode mandar brasa. A documentação tem algumas ressalvas a respeito desta configuração. Mas rodei aqui (é a configuração que uso) e rodou que é uma maravilha.
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Quer consultar qualquer CNPJ de graça?



Acesse:

http://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao.asp?cnpj=

E se quiser consultar o Quadro de Sócios e Administradores, clique no botão "CONSULTAR QSA".
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Qual a sua preferência?


Eu fico com 4E.

E você?

{ via Carlindo }
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Pra acompanhar o andamento deste novo coronavírus



Em tempo quase real:

http://bit.ly/acompanhando

O site fica lindão, como na imagem acima, quando visto no computador.

No celular fica bem apertadinho assim:


Mas aí não tem erro. Basta tocar nos pequenos círculos no alto e à direita de cada janelinha e a tela correspondente se expande.

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Artista criou engarrafamentos no Google Maps usando um carrinho vermelho cheio de telefones


Ao puxar 99 telefones pelas ruas vazias, o artista Simon Wreckert fez parecer que eles estavam presos num engarrafamento de trânsito no Google Maps.

O artista Simon Wreckert andou pelas ruas de Berlim puxando um carrinho plástico vermelho atrás dele. Onde quer que fosse, o Google Maps mostrava uma indicação de congestionamento de tráfego. As pessoas que usam o Google Maps viam uma linha vermelha grossa indicando congestionamento na estrada, mesmo quando não havia qualquer tráfego na via. Todos esses 99 telefones tinham o Google Maps aberto, dando a ilusão virtual de que as estradas estavam lotadas.

"Ao transportar os smartphones na rua, sou capaz de gerar tráfego virtual que forçará que os veículos trafeguem em outra rota", disse Wreckert ao Motherboard em uma DM do Twitter. "Ironicamente, isso pode gerar um engarrafamento real em outro lugar da cidade."

Wreckert disse ao Motherboard que ele fez a instalação de hack/art para levar as pessoas a pensar no espaço que damos aos carros na vida pública e nos dados em que confiamos todos os dias.

"Não é loucura [quanto] espaço é usado por um carro em uma cidade em comparação com o uso?", disse ele. "O truque nos mostra o que é possível com esta tecnologia e em quem confiamos."

Para começar, Wreckert alugou 99 smartphones, todos dispositivos Android, e comprou 99 cartões SIM para eles online. Ele disse que passaria uma ou duas horas em cada ponto, andando de um lado para o outro na rua para gerar um engarrafamento. "Meu sentimento subjetivo era que mesmo esse curto período de tempo já era suficiente para mudar o tráfego na rua", disse ele.

"O mapa não é o território ... mas outra versão da realidade", disse Wreckert, citando o semanticista Alfred Korzybski, uma das maiores influências de William S. Burroughs. “Os dados são sempre traduzidos para o que eles podem ser apresentados. As imagens, listas, gráficos e mapas que representam esses dados são todas interpretações e não existem dados neutros. Os dados são sempre coletados para uma finalidade específica, por uma combinação de pessoas, tecnologia, dinheiro, comércio e governo.”

Os mapas são seu próprio território, sua própria realidade objetiva, não apenas um reflexo do mundo real, mas um ramo dele. Wreckert estava nos mostrando como os dados e mapas podem afetar o mundo que eles devem traçar. "Os mapas têm o potencial como instrumento de poder", disse ele. "Eles substituem o poder político e militar de uma maneira que represente as fronteiras do estado entre territórios e podem repetir, legitimar e construir as diferenças de classe e auto-entendimento social".

Os dados não são objetivos e os próprios mapas têm vieses. Mostrar como os dados podem ser invadidos e manipulados é como apontar que o Imperador não tem roupas.

"Nesse processo, fica patente o fato de que estamos altamente focados nos dados e levados a vê-los como objetivos, inequívocos e sem interpretação", disse Wreckert. “Ao fazer isso, surge uma cegueira contra os processos que os dados geram e a suposição de que os números falam por si. Não apenas a coleta de dados fornece um escopo interpretativo, mas também os processos de computação permitem novas interpretações.”

"Assim, os dados são vistos como o próprio mundo, esquecendo que os números representam apenas um modelo do mundo", disse ele.

Fonte: https://www.vice.com/amp/en_us/article/9393w7/this-man-created-traffic-jams-on-google-maps-using-a-red-wagon-full-of-phones

Tradução: http://bit.ly/3b8wsKe

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